O movimento expressionista alemão despontou na pintura e na poesia no início do século 20 influenciado por artistas plásticos como Vincent van Gogh, Edvard Munch, Ernst-Ludwig Kirchner, Max Pechstein e El Greco. Tais manifestações buscavam uma mudança sociopolítica e foram uma reação à falência econômica da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial. Os filmes desse período também se inspiraram neste estilo e buscavam abordar as experiências pessoais e subjetivas do ser humano. No cinema, as características associadas ao expressionismo foram retratadas por ambientações pouco realistas, contrastes em preto e branco, sombra e escuridão marcantes, cenários assimétricos e pontos de vistas oblíquos. O objetivo era acentuar o clima da película.
Todos estes elementos estão presentes no filme “O Gabinete do Dr. Caligari” que em fevereiro deste ano completou 100 anos desde o seu lançamento. O longa dirigido por Robert Wiene foi um marco no movimento expressionista alemão e mudou a história do cinema influenciando inúmeros cineastas nas décadas seguintes, seja no cinema inglês ou no cinema noir americano da década de 40, de Alfred Hitchcock a Tim Burton, todos beberam na mesma fonte.
O longa pioneiro de Wiene envelheceu muito bem e apesar de ser um filme mudo em preto e branco, ainda conserva muito da sua magia. Na trama, Francis conta para um velho a história do pequeno vilarejo na região montanhosa da Alemanha onde vivia e como o local foi abalado pela chegada do misterioso Dr. Caligari e seu show de sonambulismo. A apresentação envolvia Cesare, um homem adormecido há 23 anos e reanimado por Caligari através de hipnose, transformando-se em seu escravo. Quando uma série de assassinatos acomete o vilarejo, Francis passa a desconfiar que Cesare, controlado pelo Dr. Caligari, possa estar por trás das mortes.
Tanto o movimento expressionista quanto o filme de Caligari são temas ricos e se você quiser entender um pouco mais sobre ambos indicamos a terceira edição do “Pontos MIS”, programa em forma de bate-papo sobre cinema disponível no canal do Museu da Imagem e do Som de São Paulo no Youtube.
Neste episódio eles celebram os 100 anos do filme “O gabinete do Dr. Caligari” e falam sobre a influência do expressionismo na sétima arte. O programa é mediado por Lia Lima e conta com as participações de Carlos Primati, pesquisador do cinema fantástico e crítico, Marcelo Miranda, jornalista, crítico e criador do podcast Saco de ossos e Paulo Biscaia, diretor, roteirista e editor.
Recomendamos que assista ao filme “O gabinete do Dr. Caligari” antes de ver o bate-papo para aproveitar melhor as análises feitas pelos participantes.
O filme está disponível na plataforma da Darkflix.