Lugares assombrados do Brasil que renderiam um filme

Muitas das histórias contadas nos filmes se inspiram em nossa realidade, no nosso cotidiano, nos nossos dramas, paixões e experiências de vida, sejam boas ou ruins. Obviamente, tais representações também são utilizadas no cinema de terror, tramas que envolvem tragédias, assassinatos, crimes, casos paranormais e mesmo lendas permeiam o gênero com o intuito de, não apenas entreter, mas causar medo e aterrorizar.

Filmes como “Psicose” (1960), “Condessa Drácula” (1971), “O Exorcista” (1973), “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), “Quadrilha de Sádicos” (1977), “A Hora do Pesadelo” (1984), “A Maldição dos Mortos-Vivos” (1988) e “Um Casal Perfeirto” (2014), foram inspirados, mesmo que levemente, em fatos reais.

Enredos cinematográficos também encontram “terreno fértil” em locais, digamos, assombrados. A exemplo disso temos “Intermediário do Diabo” de 1980 (saiba mais sobre o caso aqui), “Horror em Amityville” (1979), “O Iluminado” (1980), “Evocando Espíritos” (2009) e o mais recente “A Maldição da Casa Winchester” de 2018.

Geralmente, os casos de aparições fantasmagóricas retratadas nos longas referem-se às histórias ocorridas na América do Norte, mas nosso país também tem a sua cota de lugares mal-assombrados com relatos que renderiam filmes assustadores. Vamos conferir alguns deles.

Edifício Martineli, São Paulo (SP)

Inaugurado em 1929, o Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo, está localizado no triangulo formado entre a Rua São Bento, Avenida São João e Rua Líbero Badaró, no centro da capital. No decorrer das décadas a construção ganhou fama de ser assombrado, relatos afirmam o avistamento de pelo menos duas aparições, a de um menino judeu chamado Davi, morto em 1947 por um assassino confesso chamado Meia-Noite, o corpo do garoto foi jogado no poço do elevador, e o de uma mulher assassinada por cinco bandidos em 1960 em um dos andares, alguns alegam ser de uma funcionária de uma das salas que insiste em ficar no espaço onde trabalhava. Eventualmente é possível ouvir passos e o som de uma máquina de escrever.

Mercado Modelo, Salvador (BA)

Segundo os comerciantes do local, o Mercado Modelo de Salvador, além de turístico também é mal-assombrado. Isso porque as pessoas que lá trabalham afirmam ouvir gritos e ruídos que ecoam do subsolo. O prédio é marcado por tragédias, em 1984 foi atingido por três incêndios que causaram sérios danos à construção. Mas segundo a história do local, os escravos recém-chegados da África ficavam no subsolo do prédio, aguardando para serem leiloados. Como a água no mar inunda o local, muitos morreram afogados. De acordo com os vigias, é possível ouvir as vozes dos escravos e o barulho das correntes que eles arrastavam. Mas os acontecimentos estranhos não se restringem apenas ao subsolo, na área do mercado, objetos caem sozinhos e portas batem sem explicação.

Atualmente o local abriga mais de 260 lojas de artesanatos e de produtos típicos da Bahia.

Castelinho do Flamengo, Rio de Janeiro (RJ)

O Castelinho do Flamengo, localizado na zona Sul do Rio, é popularmente conhecido como um local assombrado e as histórias possuem fundamentos, uma série de tragédias acometeu a família Feu Fernandes, a segunda a morar na construção. Relatos indicam que o casal Fernandes morreu em 1932, atropelados em frente ao Castelinho. Maria de Lourdes, a filha da família, passou a ser cuidada pelo seu tutor e advogado dos Fernandes. Além de roubar seus bens, ele a maltratava e a prendia na torre principal da construção, no quarto andar. Um dia, a menina de 10 anos se jogou pela janela e morreu. Dizem que seu espirito permaneceu na casa em busca de vingança. Seguranças do local afirmam que já sentiram “alguém” tocar neles, além de ouvirem barulhos estranhos durante a noite. Hoje, o prédio é ocupado pelo Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho.

A Casa das Sete Mortes, Salvador (BA)

Portas que se abrem e fecham sozinhas, sons de passos, vultos e aparições enevoadas são os rastros sobrenaturais deixados numa das casas mais antigas do Brasil pelos crimes ocorridos dentro dela. O Solar das Sete Mortes remonta ao século 17, e embora tenha sido restaurada a pouco tempo pelo governo baiano, a estranha energia que paira no local ainda permanece. Reza a lenda que a escrava da família que morava no casarão envenenou seus patrões e a filha deles por vingança. Em 1755, o padre Manoel de Almeida Pereira e seus três criados foram assassinados a facadas dentro da construção. Atualmente o local abriga cursos de música, canto e pintura, mas só funciona durante o dia, encerrando as atividades às 17h00.

Edifício Joelma, São Paulo (SP)

A história do local do Edifício Joelma, hoje conhecido por Edifício Praça da Bandeira, é permeada por acontecimentos trágicos. Durante os séculos XVIII e XIX o terreno era um pelourinho onde escravos eram castigados e torturados, muitos deles até a morte. Em 1948, antes da construção do edifício, a residência que existia no lugar ganhou as manchetes pelo “Crime do Poço”. O professor Paulo Ferreira de Camargo assassinou sua mãe e suas duas irmãs e escondeu os corpos em um poço no quintal da casa. Quando a polícia descobriu os cadáveres, Paulo se suicidou. Para deixar a história mais sinistra, um dos bombeiros que ajudou a resgatar os corpos morreu de infecção cadavérica. O local ficou fechado por muitos anos e posteriormente foi demolido.

O incêndio que atingiu o Joelma ocorreu em 1974 e deixou 189 mortos e mais de 300 feridos. Após tantas tragédias, alguns acreditam que que o lugar é amaldiçoado e muitos juram que fatos estranhos e sombrios alinda acontecem no interior do prédio. Certa vez, em um dos escritórios de advocacia, uma assistente trabalhava até tarde quando viu por duas vezes o vulto de uma mulher passando pela sala, embora não houvesse ninguém com ela. No subsolo, durante uma entrega de mercadorias, o motorista avistou uma mulher vestida de branco se dirigindo ao outro lado do estacionamento, ela não caminhava, flutuava e desapareceu assim que chegou próxima parede. Em 1979, um filme sobre o incêndio do edifício foi gravado no local, durante as filmagens ouviam-se ruídos misteriosos, os refletores eram derrubados e a imagem de uma pessoa chegou a aparecer na gravação ao lado dos atores.

Serra dos dois irmãos, Viçosa (AL)

Na Cachoeira da Serra dos Dois Irmãos, no estado de Alagoas, é possível enxergar nas pedras da cachoeira rostos humanos deformados e assustadores, testemunhas também afirmam que é possível ouvir tiros e gritos de desespero no local. Foi naquele entorno que Zumbi, último líder da resistência do Quilombo dos Palmares foi assassinado brutalmente, sendo decapitado. O fato ocorreu no dia 20 de novembro de 1965, mas os estampidos dos disparos e as lamurias são ouvidos até hoje. Muitos residentes evitam o local.

O Leprosário de São Francisco do Sul (SC)

O Leprosário Lazaretto da Ponta da Costa poderia facilmente ser o cenário de um filme de terror. Localizado na entrada do porto de São Francisco do Sul, Santa Catarina, o local que antes era um Monastério Beneditino, foi reformado por ordens do Imperador Dom Pedro II para servir de abrigo à hansenianos deportados do Rio de Janeiro e de outras regiões do litoral catarinense. Os pacientes ficavam ali, esquecidos e isolados até serem devorados pelo bacilo da lepra. Ao morrerem, seus corpos eram enterrados nas Ilhas próximas. Mesmo após a desativação da construção, as pessoas tinham receio de se aproximar e contrair a doença. Os corajosos que visitam as ruínas do leprosário e os moradores do entorno afirmam que o clima do local é tenso e muito negativo, ouve-se gritos de agonia, lamúrias e pedidos de ajuda, além de ser comum o avistarem aparições de fantasmas que se escondem entre os pilares do local.

Fordlândia (PA)

Fordlândia é um distrito do município de Aveiro, no Pará, às margens do Rio Tapajós. A área de quase 15 mil quilômetros foi adquirida por Henry Ford, magnata da indústria automobilística, através de concessão do Estado em 1927. O empresário norte-americano tinha a intenção de usar a região e para abastecer sua empresa de látex, material necessário para a confecção de pneus para seus automóveis. Porém a empreitada foi um desastre, a terra era infértil e logo novas tecnologias permitiram a fabricação de pneus a partir de derivados de petróleo. Em 1945, o projeto foi encerrado e as atividades cessaram, entretanto, muitos moradores permaneceram no local e a economia de Fordlândia passou a ser de agropecuária, extrativismo e da pesca. Ainda assim, muitas lendas cercam o território com seus imóveis e galpões industriais abandonados. Algumas pessoas da região acreditam que traz má sorte aos seus visitantes, pois lá, vagam os espíritos daqueles que buscavam riqueza e morreram sem conseguir. A história do local gerou o livro Fordlândia – ascenção e queda da cidade esquecida de Henry Ford na Selva”, escrito pelo historiador Greg Grandin.