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Entrevista com o curador Breno Lira Gomes, idealizador da mostra macabro – Horror Brasileiro Contemporâneo

Em entrevista concedida à Darkflix, o jornalista e produtor cultural, Breno Lira Gomes, contou um pouco sobre o início da sua carreira, sua paixão pela sétima arte e o interesse pelo gênero de terror, além dos planos futuros para a macaBRo e a importância das mostras para o cenário cinematográfico e futuros profissionais da área.

 

Breno é um dos responsáveis pela curadoria da mostra macaBRo – Horror Brasileiro Contemporâneo que teve início no dia 28 de outubro e vai até 23 de novembro. O evento é promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil e exibe 44 produções brasileiras, entre longas e curtas-metragens, do gênero do terror na plataforma Darkflix.

O jornalista, que também é sócio diretor da BLG Entretenimento, produtora cultural especializada em mostras e festivais de cinema, possui anos de experiência na área de curadoria. Os primeiros projetos aconteceram quando Breno trabalhava no Curso de Cinema da Universidade Estácio de Sá onde organizava e promovia sessões de pré-estreia e pequenas retrospectivas, não só aos alunos, mas para o público em geral.

Há mais de uma década, o produtor é responsável pela seleção de filmes do Festival Maranhão na Tela, um projeto que visa fortalecer o audiovisual da Região Norte do Brasil e reúne amantes da sétima arte que querem ver e fazer filmes.

No ano passado, Breno e Rita Ribeiro fizeram a curadoria da mostra “Stephen King – O medo é seu melhor companheiro”, uma retrospectiva inédita de filmes baseados na obra literária de Stephen King, o mestre do terror. Foram exibidas 41 produções, entre filmes, telefilmes e minisséries, baseadas nas obras do autor, além de cinco longas que foram referência para seu trabalho.

 

Irandhir Santos, Breno Lira Gomes e José Joffily no Festival Maranhão na Tela em 2017 / Foto: Facebook

 

Darkflix: Quando surgiu sua paixão pela sétima arte e quando você começou efetivamente trabalhar na área de produção cultural e curadoria?

Breno: Eu amo cinema, filmes, desde pequeno. Não sei dizer ao certo desde quando, mas me lembro de passar a noite assistindo filmes no Corujão. Adorava. Ir ao cinema é algo essencial para mim, faz parte da minha vida. Meus primeiros trabalhos na área de produção cultural e curadoria aconteceram quando eu trabalhava no Curso de Cinema da Universidade Estácio de Sá. Eu organizava e promovia sessões de pré-estreia e até mesmo pequenas retrospectivas, abertas aos alunos e ao público em geral. Minha primeira mostra em um espaço cultural foi a El Deseo – O apaixonante cinema de Pedro Almodóvar em 2011. De lá para cá já foram mais de 10 mostras como curador e diversas onde assino a produção. Nos últimos anos meu foco tem sido as mostras de terror. Fiz a Monstros no Cinema e a Stephen King – O medo é seu melhor companheiro, que levaram juntas mais de 23 mil pessoas a três CCBBs. E esse sucesso me estimulou a pensar a macaBRo- Horror Brasileiro Contemporâneo, que está em cartaz no momento no CCBB via plataforma DarkFlix.

 

D: Você já dirigiu alguns curtas/documentários, como o “3X4 – Seu Pedro, a Câmera” e a trilogia “Você tem medo de quê?, que investiga o fascínio exercido pelo medo. Esse tema sempre te chamou a atenção? Você é um entusiasta de obras do gênero de terror?  

B: Sempre gostei de filmes de terror. No começo tinha medo de assistir, me impressionava muito. Desde criança adoro filmes de vampiros, bruxas e monstros em geral. Conforme fui amadurecendo busquei conhecer filmes e cineastas que só fizeram aumentar meu fascínio pelo gênero. Me arrisquei na direção de documentários e pretendo voltar a fazer filmes. “Você tem medo de quê?” surgiu como um projeto de faculdade, que rendeu de tal forma, que em vez de 1, fiz 3 curtas documentários sobre o terror. Foi muito interessante, pois tive a oportunidade de entrevistar o José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão. Que cara incrível e fascinante. Acho que precisamos fazer cada vez mais filmes de terror. Produções com a nossa cara, a nossa identidade.

 

D: Quando inicia um novo projeto de curadoria, o que leva em conta na hora de selecionar as obras?

B: A primeira coisa que faço é preparar uma primeira lista, reunindo o maior número de filmes possível. Daí parto para ver quais são mais raros, interessantes e que possam dialogar bem com o espectador. Reunir filmes tão distintos, de períodos tão diferentes, é algo incrível, pois acaba que um título complementa o outro. Oferecer ao público a oportunidade de assistir reunidos filmes que ele admira, curte ou até mesmo nunca assistiu, é muito prazeroso. Numa mostra temática, que é mais aberta do que é uma retrospectiva em homenagem a um cineasta por exemplo, a curadoria é mais trabalhosa e desafiadora, justamente porque o curador precisa fazer com que os filmes se complementem, e não apenas jogá-los no cinema sem sentido.

As mostras ou retrospectivas cinematográficas são muito importantes na formação de qualquer pessoa que se considera cinéfila. São uma ótima oportunidade para conhecer filmografias, cineastas. Enriquecer-se imageticamente, assistir gêneros e estilos cinematográficos distintos. Qualquer mostra é uma ótima bagagem principalmente para quem quer fazer cinema.

 

D: Como surgiu a ideia da mostra macaBRo, o que fez você optar por um evento voltado ao gênero de terror.

B: Já fazia tempo que eu percebia um movimento no audiovisual brasileiro, que talvez nunca tenha tido um período tão importante como o de agora. Os filmes de terror brasileiro estão cada vez mais presentes na programação dos cinemas e dos festivais do Brasil e do exterior. Há um interesse do mercado, do público, da crítica em assistir esses filmes. Uma nova geração está ocupando um espaço que antes tinha no José Mojica Marins seu maior representante, mesmo ele sendo ignorado por parte da crítica e do mercado. A mostra macaBRo vem para enaltecer essa produção pulsante dos últimos 5 anos, e também para reverenciar não só o Mojica, mas também cineastas que o tem como Mestre e referência. macaBRo vem para fortalecer o gênero, estimular que mais filmes sejam produzidos, enaltecer o esforço de mulheres e homens que acreditam no terror e na sua importância, não só dentro da indústria como produto, mas também como narrativa e espaço de experimentação.

 

D: Qual os critérios utilizados para a seleção dos filmes da macaBRo?

B: O primeiro critério foi que os filmes precisavam ter sido produzidos ou lançados no período de 2015 a 2020. A partir disso, eu e o Carlos Primati, que divide a curadoria comigo, organizamos cada um, uma lista com os filmes que gostava ou que considera importante. Nossas listas bateram em muitos títulos, o que foi ótimo. Por fim, tínhamos 50 títulos para convidar, entre curtas e longas-metragens, incluindo aí as produções das pessoas que queríamos homenagear. Dessa lista, 44 filmes confirmaram participação. O que achei incrível. E aqueles que não estão na mostra só não estão participando por conta de contratos de exclusividade com outras plataformas.

 

D: Se tivesse que escolher apenas cinco filmes da mostra para assistir, quais recomendaria?

B: Bom, é difícil, mas vamos lá: “O Animal Cordial”, “O Cemitério das Almas Perdidas”, “O Saci”, “Morto Não Fala” e “Quando eu era Vivo”.

 

D: Qual a importância das mostras de filmes para o cenário cultural atual (mesmo no formato online)?

B: As mostras ou retrospectivas cinematográficas são muito importantes na formação de qualquer pessoa que se considera cinéfila. São uma ótima oportunidade para conhecer filmografias, cineastas. Enriquecer-se imageticamente, assistir gêneros e estilos cinematográficos distintos. Qualquer mostra é uma ótima bagagem principalmente para quem quer fazer cinema. Se você é um aspirante a cineasta, e curte filme de terror, assistir a macaBRo é muito importante para você ter contato com filmes que de repente se não fosse a mostra, talvez você não conseguiria assistir.

 

D: A mostra macaBRo ainda não acabou, mas já apresenta um retorno positivo. Você já tem planos de repetir a dose no ano que vem?

B: Tenho conversado com o Primati sobre isso. Gostaria muito de fazer mais uma edição para tentar incluir os filmes que não conseguimos esse ano, além de correr atrás de outras produções, principalmente de curtas, que precisam ter espaço e destaque. Acho que temos muitos realizadores para homenagear, tem muita produção que precisa ser revista e enaltecida. Um fato importante é que conseguimos incluir na programação dessa primeira edição produções de praticamente todo o país. Isso é uma característica que pretendo manter, pois precisamos ver o que está sendo produzido do Oiapoque ao Chuí.

 

 

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