Segundo publicação do site Dread Central, o historiador Calum Waddell divulgou recentemente detalhes sobre uma cena de tortura do polêmico longa “Holocausto Canibal”, do italiano de Ruggero Deodato.
O filme continua tão controverso hoje quanto era quando foi lançado pela primeira vez em 1980. Apesar do grande número de fãs, a obra foi criticada por ativistas de todo o mundo pelas cenas reais de crueldade contra os animais, que incluem a decapitação de um macaco e o abate de uma tartaruga ameaçada de extinção.
Algumas das mortes dos personagens também foram tão convincentes que muitos suspeitaram que Deodato havia feito um filme snuff, gênero que mostra assassinatos reais. Apesar de ser uma ficção (pelo menos grande parte do longa), os temas abordados na trama são pesados. Estupro, canibalismo e selvageria são difíceis de assistir, mesmo para os mais corajosos fãs de terror.
A história, filmada nas profundezas na floresta amazônica, acompanha uma missão de resgate que procura por uma equipe de documentaristas desaparecidos na selva. Eles encontram as gravações que teriam sido feitas pelos cinegrafistas perdidos e descobrem o trágico fim do grupo.
Mas, Calum Waddell está fazendo o possível para separar os fatos da ficção em “Holocausto Canibal”. Ele pesquisa o filme há anos e já publicou um livro sobre a obra, “Cannibal Holocaust (Devil’s Advocates) ” e um documentário “Eaten Alive! The Rise and Fall of the Italian Cannibal Film”.
“Já faz algum tempo que tenho um interesse real no ciclo de filmes italianos desse gênero. Porque, ao assistir alguns desses filmes hoje, você meio que se pergunta, ‘Uau, como diabos isso foi feito?’ E as histórias dos bastidores devem ser emocionantes. Pois (os cineastas produziram) “Holocausto Canibal” em plena selva amazônica em 1979. O que, por si só, já é uma outra história. ”
Na verdade, o longa possui sua própria mitologia e mistérios. E um dos mais contundentes é a cena de tortura “perdida” (ou “inacabada”), que envolve o membro de uma tribo e um rio infestado de piranhas. Nas imagens, um índio amarrado é jogado na água e parte de sua perna é devorada pelos peixes carnívoros. Apenas uma foto da cena teria sido feita e a gravação nunca foi incluída na edição final do filme.
Para tentar desvendar o mistério, Waddell viajou para Amazônia antes da pandemia do Covid-19. No lado colombiano da floresta, o pesquisador encontrou um senhor chamado Ronaldo Blanca, que participou das filmagens em 1979 e confirmou que a cena realmente foi gravada. Blanca fez o papel do guia contratado pelo professor Harold Monroe (Robert Kerman) para encontrar a lendária tribo das árvores.
Embora o diretor Ruggero Deodato tenha declarado que nunca fez a cena, Ronaldo desmente, “Não, não, eu estava lá naquela cena – ele definitivamente filmou. Ele gritou ‘Ação!’ e depois gritou ‘Corta!’. Alguns de nós nos reunimos para assistir e todos aplaudimos…foi um efeito brilhante”, contou ao pesquisador.
Segundo Waddell, para realizar a cena usaram um figurante local que não possuía uma das pernas, “eles literalmente costuraram piranhas vivas a uma prótese”, explica. A cena teria sido filmada em um dia.
Mas o mistério ainda não foi todo revelado, onde está tal filmagem? Ninguém sabe, mas certamente Calum Waddell continuará a sua procura.