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O terror “A Profecia”, do diretor Richard Donner, completa 45 anos

Em junho de 1976, chegava às telas dos cinemas o filme “A Profecia”, obra que faria parte da lista dos melhores filmes de horror da indústria, ao lado de produções como “O Exorcista” (1973) e “O Bebê de Rosemary” (1968), que ainda influenciam o gênero nos dias de hoje.

É preciso contextualizar o período em que o filme foi lançado. No início dos anos 1970, após o movimento contracultura da década anterior, em que jovens lutaram por mudanças socioeconômicas, buscando criar novos valores e ideais, muitos passaram a ter uma visão mais aberta sobre a religião e suas crenças, inclusive, mesclando crenças espirituais e filosóficas de culturas de outras partes do mundo. Esse movimento incluía a reflexão sobre o bem e o mal e seus representantes, como Jesus, figura central do cristianismo, e seu antagonista, o diabo, o anticristo, e os demônios. Simultaneamente, Hollywood também passava por uma revolução e o “horror religioso” se tornou um subgênero popular na época devido a esse fascínio. Inegavelmente, os filmes citados no primeiro parágrafo ganharam grande notoriedade durante esse período e se perpetuaram na história da sétima arte.

Após o sucesso de “O Exorcista”, o produtor Harvey Bernhard decidiu apostar no forte apelo que as tramas de terror envolvendo religião tinham e designou ao roteirista David Seltzer uma missão: escrever uma história com tais elementos. Seltzer não era fã do gênero, mas aceitou o desafio. Passou a estudar a bíblia (algo que nunca havia feito) e ficou fascinado, especialmente pelo livro do Apocalipse, depois de muitas pesquisas, o roteirista foi capaz de juntar elementos para escrever o que se tornaria “A Profecia”, com a história de um vilão inocente, uma criança que desconhece sua origem e seus poderes. Seltzer optou retratar o diabo por uma perspectiva psicológica, inserindo no roteiro a dúvida sobre Damien ser realmente o Anticristo. Repleto de referências e recursos narrativos, ele criou um excelente conto de terror.

 

Gregory Peck, Lee Remick e Harvey Stephens / Imagem: Reprodução

O estúdio da 20th Century Fox comprou o roteiro e contratou o cineasta Richard Donner para dirigi-lo. Donner, que faleceu na última segunda-feira (05), aos 91 anos, já era conhecido pelos seus sucessos na televisão, incluindo a direção de episódios da série “The Twilight Zone” e “Kojak”. Após algumas mudanças no roteiro, com o objetivo de deixar a história verossímil e mais atraente, Donner levou para a tela os temas psicológicos, o suspense e o mistério, dando ao longa um elemento poderoso: a possibilidade da interpretação ambígua. “A Profecia” apresenta vários argumentos que induzem o público a acreditar que a menino é filho do demônio, justificando os acontecimentos e as atitudes de vários personagens que tentam salvar o mundo, porém, ao mesmo tempo, todas as premissas podem ser questionadas levando o espectador à uma leitura psicológica de todo o enredo. Damien não seria o Anticristo e todas as situações apresentadas podem ser atribuídas à pura coincidência.

Além da direção e roteiro, a escolha do elenco foi outro grande acerto da produção. A contratação do ator Gregory Peck – que havia se aposentado há seis anos – e os demais membros do elenco, trouxe credibilidade imediata ao filme. Assim que o nome de Peck foi confirmado, outros atores renomados embarcaram rapidamente no projeto. Lee Remick, David Warner, Patrick Troughton, Billie Whitelaw e Holly Palance (filha de Jack Palance, uma lenda do cinema), conferem seriedade ao longa. Por motivos óbvios, a maior dificuldade foi encontrar um ator mirim para interpretar o menino Damien. Felizmente, o papel ficou com Harvey Stephens, que com apenas quatro anos de idade, entregou uma performance notável e arrepiante sob o comando de Richard Donner.

 

Harvey Stephens em cena do filme / Imagem: Reprodução

A exemplo de outros filmes, como “O Exorcista” e “Poltergeist – O Fenômeno”, que exploraram o mesmo gênero, “ A Profecia” também ganhou notoriedade pelos acontecimentos estranhos ocorridos durante as filmagens, tornando a sua trama ainda mais assustadora. Acidentes, e até mesmo mortes renderam à obra a fama de amaldiçoada. Richard Donner, Mace Neufeld (produtor) e David Seltzer refutaram as alegações afirmando que a produção foi abençoada de várias maneiras, mas muitos fãs discordam.

Pearl Gregory Peck, pai do ator Gregory Peck, cometeu suicido pouco antes do início das filmagens. Em uma viagem rumo à Inglaterra para as gravações, o avião em que Gregory estava foi atingido por um raio, coincidentemente, o voo que trazia toda a equipe de produção também foi acertado por um raio, mas ambas as aeronaves pousaram em segurança. Porém, as estranhezas não pararam por aí, Gregory teria que voar para Israel, mas para a sua sorte cancelou a viagem na última hora, logo souberam que o avião em que estaria havia se acidentado matando todos a bordo.

Durante as gravações, dois cães rottweiler, que participariam das cenas, atacaram seus treinadores, deixando um gravemente ferido e o outro morto. Após as gravações realizadas em um Safári, um dos funcionários da atração foi brutalmente atacado por um Tigre. Nem mesmo Richard Donner escapou de situações inusitadas. O hotel onde estava hospedado sofreu um atentado à bomba do IRA (Exército Republicano Irlandês). Pouco tempo depois, o restaurante que frequentava também sofreu outro atentado do mesmo grupo minutos antes do diretor chegar ao local.

Mas, com certeza, o acontecimento mais sombrio envolveu a morte de um membro da equipe do longa. Algum tempo após o lançamento do filme, John Richardson, diretor de efeitos especiais, viajava com Liz Moore, integrante de sua equipe, por uma estrada na Holanda. Subitamente, Liz perdeu o controle e bateu com o automóvel. Ela foi decapitada devido ao impacto, de forma muito semelhante à uma cena que eles haviam feito no filme.

John teve ferimentos leves e mais tarde afirmou ter visto uma placa com os dizeres: “Cidade de Ommen 66,6 km” pouco antes do acidente, curiosamente, o título original da película é “The Omen”.

Supostas maldiçoes à parte, “A Profecia” alcançou um enorme sucesso de bilheteria, arrecadando mundialmente cerca de US$ 61 milhões. Um grande feito considerando seu orçamento, relativamente pequeno, de US$ 2,8 milhões. A obra também ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Canção Original.

O filme deixou um legado indiscutível na história do cinema, influenciando diretamente o subgênero de horror religioso e satânico – visto em abundância nas últimas décadas. Muitos destes filmes também apostaram em interpretações abertas, em que a história pode ser vista por meio da fé ou do ceticismo, mas ainda assim, assombrando o público.

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