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A verdadeira história por trás da lenda que inspirou o filme “O Chamado”

Nem todo mundo sabe que a trama do terror “O Chamado” é na verdade inspirada em uma história japonesa com elementos sobrenaturais que remonta ao século XVI. Como acontece com a maioria dos filmes “baseados em uma história real”, o slogan adotado significa um ligeiro aumento nas vendas, além de adicionar uma certa plausibilidade subliminar ao enredo, não importa o quão absurdo seja.

“O Chamado” pode não parecer tão assustador nos dias de hoje, mas fez parte da explosão do J-Horror, um gênero responsável por transformar o Japão em uma grande referência do horror cinematográfico, com histórias que mergulham no folclore japonês. Antes mesmo de ser adaptada por Hollywood, a obra de Hideo Nakata aterrorizou o público em 1998.

Entretanto, “O Chamado” (“Ringu”, no original), não trouxe um conceito totalmente original, o roteiro foi inspirado o romance de Kôji Suzuki, livro que explorou uma história que se passa nos tempos dos samurais, há cerca de 300 anos.

 

A Lenda de Okiku

 

Por trás das muralhas do Castelo de Himeji, o maior do Japão, surgiu, há muitos anos, uma história sobre crime e paixão. Um samurai chamado Tessan Aoyama se apaixonou por sua bela serva chamada Okiku e pediu que ela fosse sua amante. Mas a jovem não atendeu o desejo de Ressan e tão pouco retribuiu o seu amor, deixando-o furioso.

Determinado a conseguir o que queria, Tessan criou um plano. A família real havia encarregado Okiku de cuidar de 10 placas de ouro. O samurai decidiu então, esconder uma das placas e acusou a serva de falhar em sua função, isso seria suficiente para condená-la a morte. Tessan acreditou que para não perder a vida, Okiku aceitaria sua proposta inicial, seria sua amante o amaria, mas a estratégia saiu pela culatra.

Em uma versão da história, a jovem preferiu se matar, se jogando no grande poço de pedra do castelo. Após a morte, o espirito de Okiku começou a visitar Tessan durante a noite.

 

 

Perturbada, ela acreditava que realmente tinha perdido uma das placas e podia ser ouvida dentro do poço contando-as repetidamente. Usando o vestido branco do seu funeral e com longos cabelos sujos e pegajosos, Okiku rastejava para fora do poço para visitar o samurai  – apavorado – nas primeiras horas da manhã. Ela se parecia muito com a versão cinematográfica moderna. Na cultura japonesa, tais fantasmas são chamados de yūrei; um espírito que não está em paz na vida após a morte.

Hoje, o poço batizado com o nome de Okiku, está no mesmo local onde estava quando ela se jogou nele. As pessoas dizem que ainda podem ouvi-la contando até dez, mesmo depois que o castelo foi fechado. O medo da assombração é tão real, que uma grande grade de matal foi colocada sobre a cisterna para impedi-la de sair.

 

 

É claro, essa é apenas uma das inúmeras interpretações da história, mas o final é sempre o mesmo; o fantasma da jovem enganada escala pelo poço para aterrorizar o castelo e seus habitantes.

Em 2002, o filme de Hideo Nakata foi adaptado para o público americano em 2002 sob a direção de Gore Verbinski. Ambos os filmes, modernizaram a história do espírito vingativo, mas ainda captura as propriedades assombrosas da lenda de Okiku.

 

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