Neste sábado (04), George A. Romero, considerado por muitos o pai dos zumbis, completaria 83 anos de vida.
O consagrado cineasta, falecido em 2017, ganhou notoriedade pelo seu trabalho em “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968), filme que reinventou o subgênero de Zumbis. Romero retornou várias vezes ao tema em outras produções, que constituem uma franquia indireta: “Despertar dos Mortos” (1978), “Dia dos Mortos” (1985), “Terra dos Mortos” (2005), “Diário dos Mortos” (2007), e “A Ilha dos Mortos” (2009).
Mas suas obras não se limitam aos mortos-vivos. Romero também levou vampiros para a tela dos cinemas com “Martin” (1977), bruxas em “A Estação das Bruxas” (1972), monstros de histórias em quadrinhos em “Creepshow” (1982), um macaco assassino em “Instinto Fatal” (1988), além de personagens baseados nas obras de Edgar Allan Poe em “Dois Olhos Satânicos” (1990) e de Stephen King em “A Metade Negra” (1993).
O diretor também se aventurou em temas educacionais, como em “The Amusement Park”, obra encomendada pela Lutheran Society para chamar a atenção aos abusos cometidos contra idosos. O resultado foi tão assustador que o projeto foi engavetado e só apareceu quatro décadas depois quando Daniel Kraus, escritor e colaborador do diretor Guillermo del Toro, encontrou uma cópia do longa filmado no West View Park, Pensilvânia.
Para celebrar a carreira desde grande realizador, selecionamos seis filmes produzidos em diferentes décadas por Romero e alguns extras realizados a partir de suas obras. Você tem coragem?
A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (1968)
Lançado há mais de 50 anos, “A Noite dos Mortos-Vivos” se tornou um marco do cinema de baixo orçamento e propiciou uma infestação de obras sobre zumbis, gerando imitações, reinterpretações e sequencias não oficiais. O longa consagrou Romero como o mestre o horror e pai dos zumbis. A trama trouxe elementos importantes para a sua popularização, a mistura de tensão, ação, violência e a quebra de um padrão ao apresentar um protagonista negro, desafiando os estereótipos do cinema. No longa, uma radiação provocada pela queda de um satélite faz com que os mortos saiam de suas covas como zumbis comedores de gente, fazendo com que um grupo de pessoas refugiados em uma casa tenham que lutar pela sobrevivência contra uma horda sedenta por carne e sangue.
O EXÉRCITO DO EXTERMÍNIO (1973)
“O Exército do Extermínio” traz um tema que desperta bastante interesse ainda nos dias de hoje: armas biológicas e a contaminação por um vírus desconhecido. Em uma pequena cidade na Pensilvânia, um avião que transportava um tipo de arma bacteriológica cai e tinge a reserva de água da população local. As pessoas contaminadas passam a demonstrar comportamentos violentos e para conter a epidemia o exército instaura um estado de quarentena. Seu objetivo é evitar a disseminação do vírus em larga escala para outras cidades e não medirá esforços, mesmo que seja necessário o uso de violência e extermínio. A produção do longa não utilizou dublês, bombeiros locais e profissionais licenciados em fogos de artifício cuidaram de todas as sequências de ação, incluindo a criação e o uso de pequenos explosivos com sangue artificial.
O DESPERTAR DOS MORTOS (1978)
Obra máxima de Romero, foi considerado o maior filme de zumbi de todos os tempos. O longa ganhou uma refilmagem em 2004 sob a direção de Zack Snyder. Aqui os mortos retornam para atacar os vivos. Quatro sobreviventes se escondem em um shopping abandonado e planejam revidar. No entanto, milhares de mortos-vivos descobrem o esconderijo e iniciam um novo massacre, contaminando alguns sobreviventes que retornam como zumbis e somam-se ao exército de criaturas.
CREEPSHOW – ARREPIO DO MEDO (1982)
Desta vez, Romero nos apresenta uma trama assustadora baseada na obra de Stephen King. Na história, um pai tira das mãos do filho, a revista Creepshow e a joga no lixo. Descartada, o vento abre algumas páginas da HQ, revelando histórias assustadoras, como a de um pai zumbi vingativo, de um meteoro que cai numa fazenda afetando a plantação e o próprio fazendeiro, a de um casal de adúlteros voltando da morte, e de uma caixa misteriosa que esconde algo vivo dentro dela.
O DIA DOS MORTOS (1985)
“O Dia dos Mortos” é o último filme da então trilogia de zumbis de Romero composta por “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968) e “Despertar dos Mortos” (1978). O longa mantém muitos elementos de seus antecessores e apresenta um enredo que se passa alguns meses depois do segundo filme. O mundo encontra-se devastado e o número de mortos-vivos superam em milhões os de humanos. Em uma base na Flórida, cientistas e militares tentam descobrir as causas do fenômeno para evitar a reanimação dos corpos, enquanto o Dr. Logan acredita que os zumbis podem ser treinados e socializados. Ele comprova a sua teoria ao apresentar o comportamento de Bub, um ex-militar que se transformou em morto-vivo, e é capaz de reconhecer ordens. Com um final repleto de violência gráfica, o longa ficou eternamente gravado na memória dos fãs do horror.
INSTINTO FATAL (1988)
Escrito e dirigido por Romero, “Instinto Fatal” é baseado no romance de Michael Stewart. Com doses de suspense e ação, o enredo conta a história de Allan, um jovem que se torna tetraplégico após um acidente. Ele vive desenganado até encontrar Ella – um macaco-prego treinado para facilitar o seu dia a dia e obedecer às suas ordens. O que ele não sabe é que Ella faz parte de um experimento que amplia a inteligência de símios, e quando a primata começa a responder à raiva e frustração latente de Allan, também passa a realizar os desejos mais sombrios de seu mestre.
A METADE NEGRA (1993)
Trata-se de uma adaptação feita por Romero da obra homônima de Stephen King. Na infância, Thad Beaumont passou por uma cirurgia para remover um tumor no cérebro. Durante a operação, descobriu-se que o tumor era na verdade parte de um irmão gêmeo que nunca se desenvolveu. Anos mais tarde, Thad se torna um autor de livros elogiados pela crítica, mas que não vendem o esperado, ele então decide escrever – sob o pseudônio George Stark – histórias violentas e populares. Quando o escritor passa a ser chantageado pelo seu segredo, Thad decide “enterrar” publicamente George Stark. A partir disso, ele se torna o principal suspeito em uma série de assassinatos horríveis.
CREEPSHOW 2 – SHOW DE HORRORES (1996)
A sequência de “Creepshow” foi roteirizado por Stephen King em parceria com George A. Romero. Desta vez, três contos de terror são narrados ao telespectador, a história inicial é sobre um índio americano de madeira vingativo e envolve ganância e mortes, o segundo conto é chamado “A Balsa”, uma história tensa de dois casais de jovens que se veem presos em uma balsa cercada por uma criatura monstruosa. Na última narrativa acompanhamos a bela Annie, esposa de um rico advogado, que regularmente se encontra com um garoto de programa. Certo dia, após o encontro amoroso, Annie atropela um homem que pedia carona e foge do local, logo o morto retorna para atormentá-la.
A MÁSCARA DO TERROR (2000)
Em “A Máscara do Terror”, acompanhamos Henry Creedlow, um jovem executivo de uma agência de publicidade. Ele é um homem reprimido que tenta não dar ouvidos aos seus pensamentos mórbidos. Embora seja infeliz, Creedlow se acostumou a ser humilhado pelos amigos e conhecidos, a esposa o trai com seu chefe e com a ajuda de um amigo rouba seus investimentos. Nem mesmo sua empregada o respeita, soltando insultos em espanhol constantemente, para completar seu martírio, até mesmo seu cachorro de estimação lhe é hostil. Certa manhã, o executivo ouve em um programa de rádio um entrevistado se suicidando ao vivo e fica impressionado com a trágica história do homem. Na manhã seguinte, Creedlow acorda com seu rosto coberto por uma máscara branca inexpressiva, a partir desse momento sua personalidade muda e ele parte em busca de vingança contra aqueles que o desprezaram.
THE AMUSEMENT PARK (1973, mas descoberto apenas em 2018)
Em 1973, o consagrado diretor George A. Romero foi contratado pela Lutheran Society, uma entidade não governamental, para a criação de um filme educacional que chamasse a atenção para os abusos cometidos contra idosos. A essa altura, Romero já trazia no currículo os terrores “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968) e “A Estação da Bruxa” (1972), logo, os contratantes já deveriam imaginar o que viria pela frente. Entretanto, quando “The Amusement Park” foi apresentado aos membros da entidade, eles ficaram tão horrorizados que decidiram engavetar o projeto e o filme ficou perdido por mais de 40 anos, até que uma cópia foi encontrada por Daniel Kraus, escritor e recorrente colaborador do diretor Guillermo del Toro.
Graças aos esforços da Fundação George A. Romero, responsável pelo legado do cineasta, e da IndieCollect, organização de preservação de filmes, o longa de 52 minutos foi restaurado mostrando uma realizada assustadora: os desafios e pesadelos que o envelhecimento pode trazer.
OBRAS QUE CARREGAM INFLUÊNCIAS DIRETAS DE ROMERO
ZUMBI 2 – A VOLTA DOS MORTOS (1979)
A mais notória obra do diretor italiano Lucio Fulci revolucionou as histórias de mortos-vivos apresentando cadáveres putrefatos e repugnantes levantando de seus túmulos, algo bem diferente do que havia sido criado por George A. Romero em “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968), e a sequência “O Despertar dos Mortos” (1978). O longa de Fulci, já considerado um cult do cinema de horror, possui cenas antológicas, trilha sonora envolvente e uma direção inspirada. Na trama, acompanhamos Anne, uma jovem em busca de seu pai, um famoso cientista desaparecido em uma ilha do Caribe. Acompanhada por um repórter, ela parte para o arquipélago na esperança de encontrar pistas do paradeiro do Dr. Menard. Chegando ao destino, descobrem que uma epidemia devastadora transformou a maior parte dos habitantes em zumbis.
DOCUMENT OF THE DEAD (1980)
De forma divertida e despretensiosa, o documentário “Document Of The Dead” fala sobre sobre a filmografia do diretor George A. Romero e os bastidores de “Despertar dos Mortos” de 1978. A obra também explica como Romero foi influenciado pelas notícias da época durante as filmagens e sobre o seu grande talento e sexto sentido para ângulos imaginativos de câmera. Também traz curiosidades sobre o shopping usado em “Despertar dos Mortos”, como por exemplo, a interrupção das filmagens durante o mês de dezembro por causa da decoração de Natal que não poderia aparecer no longa. O artista de efeitos práticos Tom Savini é um dos entrevistados, o profissional conta sobre a liberdade criativa que recebeu de Romero para caracterizar seus zumbis.
A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS (1985)
Lançado em 1985, “A Volta dos Mortos-Vivos” apostou no subgênero zumbi com pinceladas de humor. A junção foi certeira, o diretor e roteirista Dan O’Bannon conseguiu assustar e divertir a plateia apresentando o mito dos mortos-vivos de uma forma diferente. Aqui os zumbis correm, antecipando o que só seria visto em “Madrugada dos Mortos, em 2004, e também falam. O projeto inicial era criar um tipo de continuação do clássico de George A. Romero, “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), porém O’Bannon transformou o longa em uma homenagem satírica que se tornou um cult dos anos 1980. Na trama, dois funcionários desajeitados em um armazém de suprimentos médicos acidentalmente liberam um gás mortal no ar, os vapores fazem com que os mortos ressuscitem como zumbis.
MADRUGADA DOS MORTOS (2004)
Madrugada dos Mortos” é uma refilmagem do clássico “Despertar dos Mortos” de Romero, o cineasta, inclusive, participou da adaptação do roteiro desta nova versão dirigida por Zack Snyder, de “O Homem de Aço”, “Batman Vs Superman – A Origem da Justiça”, “Liga da Justiça”, “Mulher-Maravilha”, “Army of the Dead: Invasão em Las Vegas”, entre outros.
Uma epidemia transforma a maior parte da população mundial em violentos zumbis. Ana, uma jovem enfermeira, consegue escapar com a ajuda de um policial. Juntos eles procuram abrigo em um shopping center afastado. Lá encontram outros sobreviventes, mas depois de um certo tempo, o local fica sem energia e os recursos se tornam escassos. Os refugiados precisam se unir e criar um plano para se manterem vivos em algum outro lugar.
A EPIDEMIA (2010)
Não se trata de um filme de Romero, mas de uma refilmagem do clássico “O Exército do Extermínio”, de 1973. Dirigido por Breck Eisner, a trama se repete: uma pequena cidade rural do Estado de Iowa, nos Estados Unidos, é infectada por uma estranha epidemia. A doença causa ataques de fúria incontrolável nos contaminados. Rapidamente o exército isola a cidade, mas com a proliferação do vírus decidem tomar uma atitude mais drástica. A médica Judy e seu esposo, o xerife David Dutten, logo percebam que há algo errado e decidem fugir do exército e dos infectados antes que a cidade seja exterminada.