Os grandes homenageados da décima sexta edição do Fantaspoa são o cineasta ugandense Isaac Godfrey Geoffrey Nabwana, conhecido como IGG Nabwana, e seu estúdio Wakaliwood.
Inspirado pelas histórias dos filmes de ação contadas pelo seu irmão Robet Kizito, um apaixonado por artes marciais, IGG, mesmo sem nunca ter assistido aos filmes pessoalmente, alimentou por muito tempo o desejo de produzi-los.
Em 2005, aos 32 anos, fundou a Ramon Films Productions, que posteriormente passou a se chamar “Wakaliwood”, uma junção do nome do bairro onde vive em Uganda, Wakaliga, com Hollywood, bairro central de Los Angeles e símbolo épico do show business mundial.
O cineasta aprendeu o oficio assistindo tutoriais na internet e nos últimos 15 anos dirigiu cerca de 50 longas de ação. Suas produções são rodadas na favela onde mora, de forma artesanal com baixíssimos orçamentos, para se ter uma ideia, em 2009, ele filmou em um mês o filme “Quem Matou o Capitão Alex? ” (Who Killed Captain Alex?) ao custo de US$ 200. Com muita inspiração e criatividade, IGG conta com a ajuda de moradores da região que normalmente contracenam em seus longas, “Hoje, todos os meus vizinhos são atores! ”, contou o diretor em entrevista ao Le Monde Diplomatique. “Na verdade, não procuramos locais de filmagem, filmamos onde fomos criados. Portanto, com gente do bairro. ”
O que determina a ação do filme é o cenário escolhido, que pode ser a academia do irmão, ou as ruas do bairro. De forma improvisada as filmagens se transformam em teatro de rua atraindo curiosos, especialmente crianças. “Todos os moleques daqui cresceram e aprenderam nos vendo fazer filmes. Por isso, agora querem participar! Partilham nosso amor pelo cinema”, completa o cineasta autodidata.
Apesar de suas obras retratarem o ambiente social dramático em que vive, o humor está sempre presente nas narrativas, ele é voluntário, assumido e eficaz. Para IGG a vida real é uma mistura de comédia, ação e drama. “Meus filmes trazem uma mensagem, pois evocam a vida dos pobres do gueto, dos pardieiros de Kampala. Tentamos mostrar a todos, principalmente ao governo, que é hora de não se preocuparem apenas com a sorte dos mais ricos. Por isso falamos das crianças, terrivelmente maltratadas nas favelas. Tal é o motivo de meus filmes terem também esse lado realista. ”
Os filmes de Nabwana projetam internacionalmente a imagem que ele tem de seu país e reforçam a sua importância para a cultura local. O diretor mostra ao mundo o poder da arte como força transformadora da sociedade.
No Fantaspoa, o público terá a oportunidade de assistir na plataforma da Darkflix à três filmes do cineasta: “Bad Black”, “Crazy World” e “Quem Matou Capitão Alex?”.
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