Nesta terça-feira (20), foi disponibilizada no portal Würlak a 6º Mostra de Cinema Audiovisual CineCaos. O evento acontece entre os dias 20 e 30 de abril e apresenta 40 filmes, entre curtas e medias-metragens produzidas em solo brasileiro. A programação conta com obras que normalmente não fazem parte do circuito comercial, de acordo com Eliete Borges Lopes, organizadora do evento, o objetivo é trazer produções que abordam temas sociais complexos, que precisam ser pensados a partir de áreas como o cinema e o audiovisual.
Para auxiliar o público que ainda tem dúvida sobre o que assistir primeiro, convidamos Beatriz Saldanha e Carlos Primati, curadores desta edição do CineCaos, para selecionarem cinco obras, que em sua opinião, são imperdíveis. Não foi uma tarefa fácil, afinal a seleção do evento está maravilhosa, mas eles conseguiram.
“Tínhamos um escopo amplo e instigante para trabalhar, ficamos muito felizes com a seleção. Além disso, esse ano teve suas peculiaridades, houve um número significativo de bons filmes realizados na quarentena, então decidimos fazer uma sessão com aqueles que abordam a questão do isolamento; uma situação inédita até então”, conta Beatriz. Tendo isso em mente, a curadora trouxe cinco sugestões dos curtas que considera imperdíveis, confira.
“Fôlego Vivo”
“Fôlego Vivo” é um documentário poético realizado por Juma Jandaíra junto à Associação dos Índios Cariris do Poço Dantas na Chapada do Araripe, no Ceará. Juma tem se destacado no cinema independente como realizadora e atriz, no documentário a diretora registra a luta daquela comunidade indígena, em defesa de sua terra e seu povo, contra o agronegócio, e os esforços da comunidade para manter sua cultura viva.
“Oni”
“Oni”, de Diogo Hayashi, resgata “Oni”, o demônio do folclore japonês. O filme de Diogo tem um elenco inteiro de descendentes de japoneses e estabelece uma conexão pouco vista no cinema nacional, apesar do Brasil ser o país com a maior população japonesa fora do Japão. Além disso, o filme tem um raro primor visual, característico das obras de Hayashi, um dos melhores diretores de arte em atividade no Brasil.
“Plano Controle”
Dirigido por Juliana Antunes, a obra é uma ficção científica bem-humorada e cheia de ironia que pontualmente usa imagens de arquivo e uma montagem afiada para lançar uma reflexão sobre o golpe de 2016, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. Precedido pelo excelente longa “Baronesa”, “Plano Controle” teve uma ótima repercussão em festivais e premiações pelo país.
“Boca de Loba”
Em “Boca de Loba”, de Bárbara Cabeça, enquanto uma mulher narra trechos de um livro, como quem conta uma história de fadas, um grupo de mulheres busca pela invocação de um espírito selvagem urbano. O curta cearense é um tratado feminista, um filme lúdico e repleto de performances e imagens instigantes que lançam uma reflexão sobre a mulher e o domínio do próprio corpo.
“Como Nenhuma Inteligência Já Amou”
Em “Como Nenhuma Inteligência Já Amou”, Sophi Saphirah, que foi atriz, diretora e desempenhou todas as outras funções técnicas, se coloca no lugar de uma mulher feita através de inteligência artificial. O curta deriva de um curso chamado TransAudiovisual e do desejo de Sophi de se colocar como atriz e realizadora em um cenário extremamente excludente. O filme me parece ter sido pouco visto, principalmente entre os festivais de cinema fantástico, por isso considero essencial sua participação dentro da programação do CineCaos.
Conheça agora, as indicações de Primati. Segundo o curador, não foi aberta convocatória para inscrição de filmes, todos os 40 curtas do evento foram convidados. “Ficamos felizes em trazer para a mostra filmes dirigidos por homens e mulheres de várias etnias, pessoas trans, indígenas, e poder selecionar o que existe de melhor na produção independente dos últimos anos. ”, esclarece. Entre os seus destaques, estão:
“5 Estrelas”
“5 estrelas”, de Fernando Sanches, é um curta que reúne pela primeira vez as “rainhas do grito” do cinema brasileiro, Gilda Nomacce e Luciana Paes, um curta que está rodando festivais e tem planos de ser transformado em longa-metragem.
“Malandro de Ouro”
O curta mineiro do Flávio C. von Sperling, uma figura com presença constante no cinema independente brasileiro, é um dos filmes mais originais que vi nos últimos anos, com destaque absoluto para a atriz portuguesa Isabél Zuaa, num de seus papéis mais desafiadores.
“A Praga do Cinema Brasileiro”
“A Praga do Cinema Brasileiro” é um filme-manifesto semidocumental no qual o já saudoso José Mojica Marins, o Zé do Caixão, visita Brasília para tentar impedir que o caos político se instaure no país. Uma declaração de amor ao cinema nacional.
“A Barca”
Este é um filme sensível e sutil, baseado num conto de Lygia Fagundes Telles (uma das maiores escritoras vivas brasileiras, que completou recentemente, dia 19 de abril, 98 anos de idade), premiado no Rio Fantastik Festival no ano passado e na edição deste ano do Fantaspoa.
“Sementes”
“Sementes”, do Rodrigo Aragão, é um dos curtas mais divertidos da programação, e demonstra que mesmo depois de um épico de fantasia e horror da dimensão de “O Cemitério das Almas Perdidas” (premiadíssimo longa lançado no ano passado), ele consegue se reinventar e fazer um curta simples, mas maravilhoso, que traz sua marca como realizador na criação dos efeitos especiais.
Lembrando que todo o conteúdo do CineCaos ficará disponível de forma on-line e gratuita no Würlak até o dia 30 de abril. Para ter acesso, basta efetuar um breve cadastro pelo site www.wurlak.com.br. A programação do evento está disponível no site da mostra.