Sem categoria

Mostra CineCaos: Diretores contam detalhes sobre a criação e realização de seus filmes

Com 40 filmes e dez dias de exibição, a Mostra CineCaos entra em sua reta final. O evento termina hoje e os filmes poderão ser vistos até às 23h59 desta sexta-feira na plataforma Würlak. Para saber um pouco mais sobre cada trabalho selecionado, os organizadores reuniram depoimentos de alguns diretores, cujas obras fazem parte da programação desta edição. Confira e aproveite para assistir os títulos, ainda há tempo!

 

Fernando Sanches (“5 ESTRELAS”)

Fernando Sanches / Foto: CineCaos

“5 estrelas é um filme que nasceu para ser um teaser do meu próximo longa “As 7 Pecadoras” unindo os talentos das musas do cinema fantástico nacional Gilda Nomacce e Luciana Paes. O curta levanta a questão das relações informais de trabalho através de um encontro inusitado de uma atriz de teatro e uma motorista de Uber em uma noite em que tudo pode acontecer.”

 

Petter Baiestorf (“290 VENENOS”)

“290 Venenos é um desabafo bem-humorado que tenta traduzir um pouco da insatisfação do Brasileiro em ser refém do agronegócio e de um governo relapso. Fruto da coletividade, com produção maravilhosa da equipe do CineCaos, é, também, a constatação de que produzir independente, no maravilhoso sistema de troca e apoio mútuo, permite criar obras libertárias. E parafraseando o final do curta: Tente manter-se Livre!”

 

Nilson Resende (“A BARCA”)

“O curta-metragem A Barca é uma adaptação do conto “Natal na barca”, da escritora Lygia Fagundes Telles, uma das maiores escritoras da língua portuguesa e uma das principais contistas da literatura do século XX.Lygia Fagundes Telles, além de já ter sido indicada como representante do Brasil para o Prêmio Nobel, teve seu trabalho contemplado com o Prêmio Camões, maior prêmio da literatura de língua portuguesa. Coincidentemente – ou não -, “Natal na Barca”, primeiro conto que li em minha vida, deu origem a meu primeiro filme. Talvez esse seja apenas mais um mistério, palavra tão adequada ao mundo ficcional de Lygia Fagundes Telles e algo tão presente nessa história.”

 

Manda Ramoos (“FOME”)

Manda Ramoos / Foto: CineCaos

“O Fome é meu primeiro filme (que eu chamo de meu), ele foi feito no meu último ano da faculdade, porém completamente independente dela (o apoio da UEG vem do fato de uma das locações ter sido lá. E de independente ele tem tudo, eu e o Paulo Morais, que foi meu assistente de direção, corremos atrás de absolutamente tudo para que fosse possível realizá-lo, usamos do nosso próprio dinheiro. Foi um exercício de persistência e uma forma, pelo menos para mim, de colocar em prática tudo que eu aprendi tanto na UEG quanto na vida sobre direção, produção e roteiro. Quase uma validação visto que o resultado supriu nossas expectativas (e acredito que de toda a equipe). Tenho muito orgulho de ter conseguido um resultado final que tem rodado o país, infelizmente ele deslanchou mesmo durante a pandemia, então pude presenciar poucas exibições ao vivo, é até meio difícil pensar que participamos de tantos festivais até agora. O filme em si vem da minha paixão da vida pelo horror e bastante também dos estudos que fiz sobre durante a faculdade, o terror é um gênero que me agrada tanto esteticamente tanto tematicamente e creio que é exatamente isso que eu exploro nele. É tudo bem estilizado, buscando uma beleza mesmo, usando de referência principal os giallos e o J-Horror. Em relação a história, busca-se uma simplicidade com um só objetivo muito claro que é: causar medo. Horror pelo horror, e algumas inversões divertidas nos tropes mais comuns, porém se utilizando deles para criar criar um roteiro classicamente do horror, mas não entediante.”

 

Lucca Girardi (“A LUZ INCIDIU SOBRE NÓS COMO A PÁLIDA NOITE”)

“Este é um filme sobre o universo que paira paralelamente ao mundo. O universo do não-dito e do invisível, das coisas que sentimos, mas não podemos tocar e expressar. Seja esta a morte, o luto ou a dor. Esse filme é para as pessoas que conseguem enxergar esse mundo.”

 

Abdiel Anselmo (“ADVENTICIO”)

“Adventício é um filme artesanal, feito majoritariamente por um homem e uma câmera, a experiência tenta explicar os sentimentos conflitantes que nos perpassaram durante a primeira onda da covid-19 no Brasil. Trazendo elementos de um horror cósmico indecifrável.”

 

Magnum Borini (“AMOR SANGUE DOR”)

Magnum Borini / Foto: CineCaos

“Amor Sangue Dor é um filme (também) sobre existencialismo, solidão, relacionamentos relâmpagos; não traz respostas ou conclusões, apenas sentimentos e questionamentos. Acredito que seja um filme para se entregar, sentir, refletir e tirar suas próprias conclusões.”

 

João Pedro Regis (“ÂNSIA”)

“Ânsia é um filme que perpassa os sentimentos de uma prisão interior sem risco de fugas ou salvação. Onde o pior inimigo somos nós mesmos. Quando a mente em um rápido suspiro de esperança nos deixa desamparados e sem entender o que está a nossa volta. O filme parte desse sentimento de uma mente aprisionada e ansiosa de um dia que talvez nunca volte, uma ansiedade pelo passado, pelo raso, pelo sentimento, pelo simples ato de suspirar entre uma surra e outra. Ânsia vem para nos ansiar a liberar a grande carga emocional que nos aflige. A ansiedade que nos causa Ânsia.”

 

Petter Baiestorf (“BECK 137”)

“Beck 137, foi um projeto realizado num esquema tão rápido que testou boa parte da jovem equipe que trabalhou nele; aquele tipo de produção que funciona como um teste de sanidade aos aspirantes à cineastas. Uma das diárias durou 44 horas de trabalhos ininterruptos, por exemplo. Quem passou sem reclamar provou ser o suficientemente louco para fazer cinema no Brasil! O curta foi fruto de uma experimentação com celulares, onde todo o filme foi criado em apenas 3 dias e com um orçamento beirando a zero, para provar que é possível criar obras divertidas com o mínimo de recursos. Mantenha-se livre!”

 

Sophi Saphira (“COMO NENHUMA INTELIGÊNCIA JÁ AMOU”)

‘’Como atriz, sendo mulher trans no Brasil, me sinto na obrigatoriedade de quebrar barreiras para que eu possa atuar. Realizar esse filme com elenco totalmente trans, orçamento zero e em tecnologia avançada assumindo o trabalho de uma equipe inteira é um grito que me faz querer alcançar os topos dos muros e paredes que sufocam as pessoas não-cisgêneras, como eu. É o desejo de sobreviver através da arte caminhando nos lugares onde só pisam as pessoas não-trans. É o desejo de atuar interpretando papeis femininos diversos, sem restrições. Eu sonho pelo dia que serei chamada para atuar tendo as mesmas oportunidades de qualquer atriz. Enquanto isso não acontece, venho encarando os desafios diários para me autoproduzir, trazendo junto as pessoas trans que estão no mesmo barco e aprendendo a fazer um complexo trabalho de uma equipe inteira, que deveria estar junto, mas não está. Me chame pra atuar, pra trabalhar, eu estou aqui.’’

 

Diogo D’Melo (“CRONOTOPO”)

Diogo D’Melo / Foto: CineCaos

“O Cronotopo veio de um filme anterior, os equipamentos desta produção ficaram em casa para serem entregues na segunda-feira, ter todos aqueles equipamentos tão desejados e parados foi o suficiente para três amigos se juntarem, escreverem e produzirem em um final de semana o curta, a ideia do roteiro vem da proposta bakhtiniana do cronotopo como simulacro temporal e que foi finalizado antes deste momento pandêmico onde os dias se repetem e nos sufocam.”

 

Eduardo Camargo (“EU SOU A DESTRUIÇÃO”)

“EU SOU A DESTRUIÇÃO, foi um filme feito em um período no qual ainda estávamos compreendendo as consequências das ações do atual governo. A partir do discurso do ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, presente na faixa de som que é alterada para emular uma voz onipresente, crio uma contraparte ao conteúdo da sua fala no vídeo, me apropriando de filmes, na sua maioria de origem alemã, produzidos durante as décadas de 20 e 30 e de alguns filmes norte-americanos que ressaltam o caráter político do seu discurso. A fala de Alvim tenta se mascarar através de uma retórica que faz um apelo à tradição, à família, à pátria, e Deus. Busco então através desse arquivo filmográfico explorar as consequências desse discurso “tradicional” em outros períodos históricos. Na sua sequência final, introduzo uma montagem com filmes brasileiros de contextos distinto os quais alcançam uma unidade através do seu ordenamento e efeitos de edição, e através do som o final se realiza como um ruído e deslocamento, como uma espécie de catarse negativa e destrutiva, um clímax em que o próprio filme entra em estado de alarme e autodestruição.”

 

Clara Chroma (“FLORESTA ESPIRITO”)

“Esse filme, fruto desse isolamento do Coronavirus™, surgiu a partir da pura experimentação combinando tecnologias e desejo de transmitir à tela as sensações que tenho no contato mais profundo com as florestas aqui da terra onde moro. Revelação dos espíritos da mata, movidos pelas águas. Nas palavras de uma amiga que viu, tradução do cipó. Espero ainda fazer disso uma videoprojeção urbana, deixar os espíritos da floresta invadirem o mundo do concreto.”

 

Darks Miranda (“LAMBADA ESTRANHA”)

“Há um tempo tinha vontade de filmar uma ação que envolvesse pessoas que acham que não sabem dançar – ou que dançam “estranho” – de costas para a câmera, movendo-se ao som de lambadas. Era uma ideia meio nonsense, mas eu sabia que me interessavam os movimentos dos corpos, uma certa indiscernibilidade dos corpos, um mistério, uma quebra do protagonismo de rostos, o estranhamento e alguma imprevisibilidade. Tinha o desejo de possibilitar uma experiência meio formal e informe, ao mesmo tempo, que tinha a ver com corpos, movimento, dança, uma ação que poderia ser levemente esquisita sem ser grotesca. Me interessava um certo humor físico desconcertante também. Acabei filmando na piscina abandonada do prédio onde moro, no Rio de Janeiro. E aí que, a meu ver, a ação foi tomando outra forma e foi somando outras questões: paisagem, cidade, horizonte, cosmos, apocalipse… aí que foi virando meio filme e deixando de ser um registro de uma performance. E o aspecto mais fantástico só aumentou a cada etapa: as roupas, os efeitos na montagem, a edição de som.

Lambada estranha não é um documentário, não é um registro e também não é uma ficção ilusionista – não faz uso de efeitos caros ou realistas. Apesar de inspirado e espelhado na realidade, a estética do realismo não me interessava, nesse caso. Ao contrário, parti de um entendimento de que diante da situação real do mundo e de nossa condição precária, é impossível não delirar. Então o filme é uma espécie de delírio a partir do real.”

 

Matheus Marchetti (“O ANJO NO POÇO”)

Matheus Marchetti / Foto: CineCaos

O Anjo no Poço é uma fábula sobre o fim da infância e o começo da adolescência, sobre o despertar sexual entre meninos que tantas vezes se manifesta de formas violentas. Assim fiz nos curtas O Beijo do Príncipe (2015) e Bosque dos Sonâmbulos (2017), é uma releitura queer de temas clássicos do terror, dessa vez homenageando clássicos diabólicos como Veneno para Fadas (1984) e Não Livrai Nos Do Mal (1971), mas ambientado num cenário especificamente masculino e especificamente brasileiro. Um filme de Natal substituindo a bucólica paisagem bucólica invernal associada a essa data por um longo e escaldante dia de verão – onde a linha entre fantasia e realidade, ódio e desejo é sempre tão tênue, e tudo pode acontecer.

 

Gurcius Gewdner (“TEXAS CARLOS MASSACRE”)

“Texas Carlos Massacre usa como ponto de partida a primeira exibição internacional de Bom Dia Carlos como uma amorosa desculpa pra homenagear os festivais e eventos que misturam música e cinema e o quão é divertido estar neles. Comecei mostrando meus filmes em shows de bandas underground, com todo mundo festando e celebrando com muitos brindes entre um filme e outro, entre um show e outro. Ainda é meu tipo preferido de evento e sempre será. Espero que um dia, além de show e filmes, incluam piscina e praia com mais frequência também: Piscina, show, filme, praia. É o que o mundo precisa se a pandemia acabar.”

 

Paula Padillos (“WOMANEATER”)

“Womaneater surgiu a partir de minhas experiências pessoais com relacionamentos abusivos, em diversas formas, como também de pesquisa sobre esse tema e sua relação com o patriarcado. A escolha pelo gênero de terror, assim, se dá naturalmente não só pela afinidade, como pela capacidade de reproduzir as sensações de se estar nessa vulnerável situação. Mas, sobretudo, Womaneater toma forma por meio do esforço criativo de uma equipe majoritariamente iniciante, que trabalhou comigo cada qual em suas funções e, na minha opinião, demonstrou muito talento e capacidade de fazer acontecer com os mínimos recursos.”

 

Ales de Lara (“QUINTO DOS INFERNOS”)

Ales de Lara / Foto: CineCaos

“Quinto dos Infernos é um curta que se equilibra no fio da navalha entre comédia e terror, ao zombar da face monstruosa da tirania brasileira. A produção serviu como catarse para a equipe que, espalhada de Curitiba a Recife, em isolamento social devido à pandemia, mostrou que a união é possível mesmo em um país de dimensões continentais. Juntos decidimos rir de nossas desgraças e foi tão divertido que existe a possibilidade de agora produzirmos uma série de episódios nessa linha.  Afinal, quem nunca teve vontade de mandar a corja toda pro quinto dos infernos?”

 

Para ter acesso aos filmes, basta efetuar um breve cadastro pelo site www.wurlak.com.br. Toda a programação do evento está disponível no site da mostra.

 

 

DARKFLIX é um serviço de streaming de filmes e séries dos gêneros terror, ficção-científica e fantasia. Baixe o aplicativo DARKFLIX no seu celular ou tablet diretamente de sua loja de aplicativos ou acesse pelo site www.darkflix.com.br. Para ter acesso ao conteúdo pago basta assinar o serviço por R$ 9,90/mês, ele pode ser pago através de cartões de crédito, boletos bancários ou transferência bancária. A DARKFLIX está integrada ao Google Chromecast e outros serviços de casting similares.