O cineasta Dario Argento, que no último dia 07 completou 81 anos de vida, é considerado o grande artesão do giallo, não apenas por uma geração de fãs, mas por seus próprios colegas de profissão. O tal gênero italiano navega entre terror e suspense dando ênfase ao grafismo, exageros e alguns absurdos. Argento possui 27 produções no currículo. Entre suas obras, se destacaram “O Passáro das Plumas de Cristal” (1970), seu primeiro longa-metragem e a obra que ditaria o tom e o estilo de outras várias produções. “O Gato de Nove Caudas” (1971), “Suspiria” (1971), “Prelúdio Para Matar” (1975), “A Mansão do Inferno” (1980), “Tenebre” (1982), “Demons – Filhos das Trevas” (1985) do qual foi roteirista, “Síndrome Mortal” (1996) e “Máscara de Cera” (1997) são alguns bons exemplos das realizações do diretor. Seu trabalho mais recente é “Occhiali Neri”, produção adiada devido a pandemia. Em entrevista à Revista Exame, em janeiro desde ano, Argento revelou que pretende levar seus conhecimentos sobre o terror para uma outra fronteira: a das narrativas serializadas em streamings. “O ambiente das plataformas digitais é um espaço de criação interessante e rico”, disse o realizador. Seu projeto paralelo já tem nome: “Longinus”.
Enquanto isso não acontece, separamos sete obras imprescindíveis do mestre italiano produzidas entre os anos 70, 80 e 90, para você entender o que passa pela mente do grande Dario Argento.
O Gato de Nove Caudas (1971)
“O Gato de Nove Caudas” é um suspense urbano que narra a história de Franco Arno, um ex-jornalista que perdeu a visão e Giordani, um jornalista ainda na ativa. Juntos eles tentarão resolver uma elaborada trama de misteriosos assassinatos conectados à um instituto de pesquisas genéticas. Neste mistério, Argento, como de praxe, apresenta inúmeros suspeitos e poucas pistas mantendo o telespectador na dúvida até o final.
A Mansão do Inferno (1980)
“A Mansão do Inferno” traz elementos característicos das obras de Argento, o visual barroco, as luzes e cores brilhantes e a trilha sonora sombria que relembra um horror milenar, quase lendário. O filme é a segunda parte da fantástica Trilogia das Mães, iniciada em 1977 com “Suspiria” e finalizada em 2007 com “Mão das Lagrimas”.
No enredo, seguimos a história de Rose Elliot, uma jovem escritora que vive em um antigo apartamento em Nova York. Ela passa a ser atormentada por estranhos acontecimentos após ler um livro misterioso escrito por um arquiteto inglês. Assustada, pede ajuda ao seu irmão que mora em Roma. Juntos descobrem que o prédio está relacionado com as histórias do livro.
Tenebre (1982)
Outra pérola do mestre do terror, este giallo conta a história do escritor americano Peter Neal durante a sua visita à Roma para divulgar seu novo best-seller, intitulado Tenebre. Enquanto se encontra na cidade, uma jovem é assassinada e páginas do seu livro são encontradas na boca da vítima. O autor decide investigar o mistério com a ajuda de dois detetives. O diretor vai apresentando várias pistas sobre quem é o assassino no decorrer da trama, mas mesmo assim é difícil deduzir quem está por trás dos crimes, pois novos acontecimentos e mortes confundem o espectador. O verdadeiro criminoso só é relevado no final, para a surpresa de todos. Este é um dos mais violentos filmes do cineasta e está entre as melhores obras de Argento. A trilha sonora foi realizada pelo notável grupo Goblin e a belíssima fotografia ficou a cargo de Luciano Tovoli, de “Suspiria”.
Demons – Filhos das Trevas (1985)
“Demos – Filhos das Trevas” é uma obra memorável de Lamberto Bava. O longa é um clássico do gênero splatter e um dos mais famosos filmes de terror italiano, esbanjando força, criatividade e intensidade. O excelente roteiro foi escrito a quatro mãos: Bava, o amigo Dario Argento, Franco Ferrini e Dardano Sacchetti. Na trama, Cheryl é convidada por um estranho para a reinauguração de um velho cinema, o Metropol. Ela convence sua amiga Kathy a lhe acompanhar até o local, onde um grupo aleatório de pessoas já aguardam pelo início da sessão. Quando já estão dentro do teatro algo estranho começa a acontecer e um pesadelo sangrento tem início com direito a inúmeros demônios famintos por carne fresca.
Demons 2 – Eles Voltaram (1986)
A sequência do terror italiano produzido por Dario Argento é repleta de ótimos efeitos e mortes bem mais sangrentas e elaboradas do que seu antecessor. Escrito pelo mesmo quarteto de “Demons – Filhos das Trevas”, o roteiro acompanha os moradores de um prédio de segurança máxima que se veem encurralados quando Sally, uma das residentes, é possuída por um demônio que sai da televisão de seu quarto. O grupo precisará enfrentar os demônios que pouco a pouco tomam os corpos de cada um.
A continuação trouxe algumas surpresas aos fãs no primeiro filme, uma delas envolveu Davie, um cachorrinho de estimação que inadvertidamente lambe o sangue demoníaco que pingava do teto de um apartamento. O liquido faz com que o pet se transmute em um cão do inferno e se volte contra a própria dona. O uso inteligente de efeitos práticos – criados pelo competente Sergio Stivaletti – ainda é convincente, mesmo nos dias de hoje, em que o público está mais habituado ao CGI.
Síndrome Mortal (1996)
Anna Manni, interpretada por Asia Argento – filha de Dario – é uma policial incumbida de capturar um serial killer e estuprador que anda aterrorizando a cidade de Florença, na Itália. O problema é que ela sofre da “síndrome de Stendhal”, uma doença psicossomática que causa vertigens, desmaios, e alucinações quando exposta a obras de arte de valor extraordinário.
Quanto o criminoso a atrai para uma armadilha dentro do famoso museu Uffizi de Florença, seus problemas começam. O filme conta com trilha sonora de Ennio Morricone e fotografia de Giuseppe Rotunno.
Máscara de Cera (1997)
O filme “Máscara de Cera”, dirigido pelo renomado artista de efeitos especiais Sergio Stivaletti e produzido pelo lendário mestre do terror Dario Argento, faz uma sincera homenagem ao horror gótico italiano dos anos 60 e 70. O longa tem um começo brutal, no dia 31 de dezembro de 1899, em Paris, um homem e uma mulher são cruelmente assassinados por um homem mascarado, a única sobrevivente e testemunha dos homicídios é a filha do casal. Anos se passam sem que o caso seja solucionado até que uma série de desaparecimentos misteriosos começam a ocorrer. Simultaneamente, representações em cera de crimes são adicionadas à uma exposição no museu onde trabalha a filha do casal assassinado, a bela Sônia.
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