“A Praga”, obra dirigida por José Mojica Marins em 1980, deve chegar aos festivais de cinema este ano. O filme, desaparecido por cerca de 30 anos, foi recuperado, restaurado e finalizado pelo produtor Eugenio Puppo em 2007, que na época chegou a exibir a primeira versão em uma retrospectiva sobre o trabalho de Mojica realizada pelo Centro Cultura Banco do Brasil.
Quase quinze anos depois, Pippo entregou uma obra mais refinada em termos técnicos. A nova versão do média-metragem teve sua estreia mundial no 54º Festival de Cinema Sitges, na Espanha, em outubro de 2021 e deve ser reexibido em abril deste ano, durante a 42ª adição do Fantasporto, em Portugal. Infelizmente, ainda não há datas de exibições no Brasil, mas acredita-se que ainda este ano a obra entre para o circuito de festivais brasileiros.
Na trama de “A Praga”, Juvenal e Mariana, um jovem casal, saem em viagem. Durante o passeio, Juvenal faz algumas fotos de uma estranha idosa (interpretada por Wanda Kosmo), que se revela uma bruxa sinistra. Ela lança uma maldição sobre o homem por tê-la fotografado. Uma ferida se abre em seu abdômen provocando uma angustiante fome de carne crua, a dor só passa quando o ferimento é alimentado. Porém a situação piora gradativamente, o jovem se torna cada vez mais esfomeado e passa a ter delírios angustiantes.
Considerado pai do cinema de terror nacional, Mojica dirigiu 43 produções e atuou em 64. Foi na década de 1950 que seu interesse pelo cinema de horror teve início, aos 17 anos, criou a Companhia Cinematográfica Atlas. O primeiro longa-metragem amador realizado pela produtora foi “A Sina do Aventureiro”, de 1958.
A popularidade chegou em 1964, quando ficou conhecido pelo apelido Zé do Caixão, nome do personagem criado por ele no filme “À Meia-noite Levarei sua Alma”. Segundo o cineasta, o sádico agente funerário com roupas pretas, cartola e unhas longas, surgiu durante um pesadelo, em que ele era arrastado pelo tal homem até uma cova. O personagem apareceu novamente nos filmes “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1967), “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968) e “Encarnação do Demônio” (2008), longa vencedor de 12 prêmios de cinema nacional, além do Prêmio do Júri Carnet Jove do Sitges no Festival Internacional de Cinema da Catalunha. O diretor alcançou o reconhecimento internacional, inclusive nos Estados Unidos, onde ganhou a alcunha de Coffin Joe.
Em 2016, Tim Burton, diretor norte-americano responsável pelos sucessos “Edward Mãos de Tesoura”, “O Estranho Mundo de Jack”, “Alice no País das Maravilhas”, entre outros, classificou o cineasta como “a maior descoberta do gênero na década de 90”.
José Mojica faleceu em fevereiro de 2020, devido a uma broncopneumonia, ele estava com 83 anos.