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Cinema Lovecraftiano: Conheça 14 filmes adaptados ou inspirados na obra do pai do horror cósmico

Há 132 anos, em 20 de agosto de 1890, nascia Howard Phillips Lovecraft, um dos autores mais lembrados entre o gênero de terror, especificamente o horror cósmico ou cosmicismo, como o próprio H. P. Lovecraft denominava sua literatura. Sua escrita original e diabolicamente interessante se tornou atemporal, uma rica fonte para sucessivas gerações de escritores do gênero. O escritor Stephen King chegou a declarar que Lovecraft foi o maior praticante do conto de horror clássico do século XX.

Infelizmente, seu sucesso foi póstumo, mas a ideia por trás de sua obra – de que a humanidade é uma parte insignificante do cosmos e pode ser varrida a qualquer momento – foi perpetuada.

Seus contos, repletos de elementos fantásticos e de ficção cientifica, inspiraram e foram adaptados, não apenas entre a literatura e a música, mas incansavelmente pela indústria cinematográfica, que mergulhou em seus temas, cenários e personagens.

Na década de 1980, cineastas como Stuart Gordon e John Carpenter adaptaram, direta ou indiretamente, o trabalho ao autor, popularizando a essência de seus livros, abrindo uma porta de possibilidades infinitas.

Atualmente, é possível ignorar as falhas morais do autor e extrair com originalidade o melhor de suas publicações, deixando de lado traços extremamente conservadores, tradicionalistas e até mesmo racistas do escritor.

Para entender melhor a influência de H. P. Lovecraft na sétima arte, selecionamos abaixo algumas adaptações e filmes que se inspiraram nesse universo macabro e aterrador. Bem-vindo ao subgênero “Lovecraftiano”, que enfatiza o horror do desconhecido e do incompreensível. Os longas são apresentados por ordem do ano lançamento e estão todos disponíveis no streaming Darkflix.

  

O CASTELO ASSOMBRADO (The Haunted Palace), 1963

Direção: Roger Corman

Com cenários clássicos e opulentos, “O Castelo Assombrado” pode, tranquilamente, ser incluso ao arquétipo de terror da produtora inglesa Hammer. Protagonizado pelo icônico Vincent Price, a trama reflete temas comuns ao autor em questão, falando sobre genealogia e a influências corruptoras do sangue. Vale ressaltar, que a produção chegou ao público como uma adaptação do poema homônimo de Edgar Allan Poe para pegar carona no sucesso de adaptações do autor feitas por Corman na época.

O longa é, certamente, uma das melhores obras dirigidas por Roger Corman, o rei dos filmes B, que traz na bagagem mais de 300 filmes. Com uma verba significativamente maior do que de costume, a produção se tornou a primeira adaptação de Lovecraft de grande orçamento.

Baseada no romance “O Caso de Charles Dexter Ward”, de 1928, a história apresenta Joseph Curwen, um praticamente de magia morto em 1765 pelos aldeões furiosos de uma pequena cidade. Um século depois, seu tataraneto chega à mesma cidade com o desejo de retomar a propriedade de seu ancestral, um castelo assombrado assassinado.

 

O ENIGMA DE OUTRO MUNDO (The Thing), 1982

Direção: John Carpenter

“O Enigma de Outro Mundo” se baseia em um conto do renomado escritor de ficção científica John W. Campbell Jr. Seu trabalho já havia sido levado às telas antes, na década de 1950, em “O Monstro do Ártico” – que se tornou um dos filmes mais importantes do gênero. Embora não se trate de uma adaptação de Lovecraft, o horror corporal e a constante degradação mental dos personagens, elementos usados pelo autor em seus contos, estão presentes.

A versão de Carpenter une o excelente desempenho do ator Kurt Russell com os incríveis efeitos visuais de Rob Bottin. Situado no inverno de 1982, em uma estação de pesquisa na Antártida, uma equipe de pesquisa com doze integrantes encontra um ser alienígena congelado dentro de sua nave há mais de 100.000 anos. A criatura é levada à estação para estudos, porém, após o início do descongelamento o alienígena volta a vida. Ele consegue assumir a aparência forma de qualquer um do grupo, desencadeando o medo, tensão e terríveis mortes entre os cientistas.

 

RE-ANIMATOR: A HORA DOS MORTOS (Re-Animator), 1985

Direção: Stuart Gordon

Este é o primeiro filme de Stuart Gordon a figurar na lista. Fã assumido de Lovecraft, o cineasta já dá pistas do que se tornaria a sua assinatura em adaptações posteriores, a adoção livre do contorno geral da história ou de um elemento específico, agrupando-os em um formato popular: o horror sangrento dos anos 1980. Embora se inspirasse mais diretamente no autor, Gordon conseguia distinguir o que seria mais aceitável comercialmente.

Ironicamente, a versão mais divertida de H.P. Lovecraft é a menos fiel. O cineasta apresentou uma visão polposa do livro “Herbert West – Reanimator”. A trama se passa na Nova Inglaterra, especificamente na Universidade Miskatonic.  Acompanhamos Dan Cain, um promissor estudante de medicina, sua namorada, Megan Halsey, e o ambicioso Dr. Carl Hill, um homem obcecado por Megan. O ambiente, relativamente tranquilo, muda com a chegada de Herbert West, um novo estudante que se hospeda na casa de Dan e dá início a experiências de reanimação de cadáveres.

 

DO ÁLEM (From Beyond), 1986

Direção: Stuart Gordon

Um clássico do gênero. “Do Além” é provavelmente um dos melhores trabalhos de Gordon e a sua adaptação mais autentica de Lovecraft. O diretor ignora o cenário da história original, mas os enredos e temas básicos são preservados. Como a maioria de seus filmes da época, o longa tem várias cenas nojentas e efeitos práticos que continuam plausíveis atualmente.

Nesta versão cinematográfica do conto homônimo de 1934, acompanhamos o Dr. Edward Pretorius, um cientista louco e incontrolável, que cria uma máquina capaz de estimular o sexto sentido através da glândula pineal. A experiência abre uma espécie de portal e permite que criaturas bizarras de outra dimensão ataquem o cientista e seu assistente. A partir desse momento, monstros, mutações, gosmas e um toque de erotismo tomam a trama. O elenco é composto, em sua maioria, pelos atores que participaram da obra anterior de Gordon: “Re-animator: A Hora dos Mortos”.

 

A ABOMINÁVEL CRIATURA (The Unnamable) 1988

Direção: Jean-Paul Ouellette

Em “A Abominável Criatura”, Randolph Carter, um personagem já conhecido pelos leitores de Lovecraft em “The Statement of Randolph Carter“, de 1919, é reimaginado. Aqui, ele faz parte de um grupo de estudantes do ensino médio que entram em uma mansão abandona onde um monstro horrendo foi aprisionado em uma câmara há mais de dois séculos. O filme é adaptado de um conto de mesmo nome, e é dirigido, escrito e produzido por Jean-Paul Ouellette. Não é uma obra excelente, mas apresenta momentos interessantes, envolvendo até mesmo um famigerado livro demoníaco: o Necronomicon. Ouellette segue um caminho semelhante ao de Re-Animator, mas se mantem mais sério e atmosférico. O longa ganhou uma sequência em 1992, também sob a direção do mesmo cineasta.

 

NECRONOMICON – O LIVRO PROIBIDO DOS MORTOS (Necronomicon), 1993

Direção: Christophe Gans, Shûsuke Kaneko, Brian Yuzna

O conceito de antigos deuses (como o Cthulhu, entidade cósmica criada por Lovecraft em 1926) é frequentemente utilizada no gênero de terror em geral até hoje, assim como elementos específicos do universo do autor, sendo o mais famoso o Necronomicon, conhecido como o “livro dos mortos”. Ele foi intensamente utilizado nas franquias de “Evil Dead”, por exemplo. O livro tornou-se uma referência tão frequente que muitos ainda acreditam – erroneamente – que se trata de uma publicação real.

“Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos” conta a trajetória do próprio Lovecraft em busca do temido livro diabólico, que dá nome ao longa. Desta vez, o ator Jeffrey Combs (de “Re-Animator”, “Do Além” e “O Castelo Madito”) assume o papel do autor nos três segmentos do longa. Na trama, ao encontrar o Necronomicon, o personagem lê algumas histórias sem imaginar que pode estar despertando um poderoso mal adormecido. O primeiro conto se chama “Os Ratos nas Paredes” (dirigido por Christophe Gans), seguido por “Ar Frio” (de Shusuke Kaneko) e por fim “Um Sussurro nas Trevas” (por Brian Yuzna). Todos envolvem mortes, violência e muito sangue. O filme conta com o trabalho dos especialistas Tom Savini e Screaming Mad George que produziram impressionantes efeitos especiais.

 

À BEIRA DA LOUCURA (In The Mouth of Madness), 1994

Direção: John Carpenter

“À Beira da Loucura” é uma das obras mais surpreendentes da filmografia do diretor John Carpenter. Lançada em meados dos anos 1990, a história acompanha o investigador John Trend e a sua procura por pistas sobre o desaparecimento de Sutter Cane, um famoso autor de livros de horror que estava prestes a lançar seu novo romance: “Horror in Hobb’s End”. Trend mergulha cada vez mais no mundo aterrador criado pelo escritor. À medida que a trama avança, o universo ficcional das obras de Cane se mistura ao mundo real e o investigador descobre que a imaginação distorcida do escritor está alterando a realidade e a percepção de quem lê seus romances.

Aqui, Carpenter faz referências e homenagens a dois autores do horror, Lovecraft e Stephen King, embora pareça mais um tributo à ficção pioneira de H.P. Lovecraft, a ponto da produção se trazer elementos de grandes contos do escritor: “O Chamado de Cthulhu”, “A Tumba e Outras Histórias” e “O visitante das Trevas”.

“À Beira da Loucura” é o terceiro filme da Trilogia do Apocalipse, precedido por “O Enigma do Outro Mundo” e “O Príncipe das Sombras”.

 

O CASTELO MALDITO (Castle Freak) 1995

Direção: Stuart Gordon

Vagamente baseado no conto “O Intruso” – que apresenta o calvário de um homem mantido em uma cela por toda a sua vida e mesmo após se libertar, em um esforço lamentável para se conectar com os outros, entende que é visto como um monstro – “O Castelo Maldito”, dirigido por Stuart Gordon, transforma a história em um slasher com personagens que se deparam com um monstro assassino em um Castelo. Porém, algumas características das obras de Lovecraft são mantidas, como a obsessão do autor com a genealogia e como os pecados do passado podem ser carregados por gerações.

A produção conta com um elenco excelente, ótima ambientação, muito sangue, maquiagem impecável realizada pelo grande Everett Burrel e um grande clima de suspense. Na trama, acompanhamos um casal que viaja com a filha para a Itália e lá se hospedam no castelo herdado pela família. Quando começam a aparecer corpos mutilados pelos corredores da construção, John descobre que uma terrível criatura habita as masmorras do local e ele terá que lutar para salvar a vida de sua família.

 

DAGON – O DEUS MONSTRO DO MAR (Dagon), 2001

Direção: Stuart Gordon

Também sob o comando de Stuart Gordon, e apesar do título dar a entender que se trata de uma adaptação do conto “Dagon”, o filme Dagon – O Deus Monstro do Mar”, em todos os aspectos relevantes, se inspira em “A Sombra de Innsmouth”, também uma obra de Lovecraft sobre os horrores da genealogia, destino e predeterminismo versus livre arbítrio.

O longa acompanha a história de Paul e sua namorada, um casal que sofre um acidente de barco na costa da Espanha. Em busca de ajuda, eles acabam em uma vila decrépita de pescadores chamada Imbocca. Enquanto aguardam socorro, Paul percebe que coisas estranhas estão acontecendo, pessoas começam a desaparecer e ele passa a temer por sua vida. Entre os mistérios obscuros do local estão os descendentes profanos de Dagon, o Deus monstruoso dos oceanos. Tais criaturas mestiças o idolatram e são capazes de qualquer coisa por ele.

 

SONHOS NA CASA DA BRUXA (Dreams in the Witch House), 2005 

Direção:  Stuart Gordon

Quando foi convidado por Mike Garris para participar da série “Masters Of Horror” (2005), projeto que reuniria grandes nomes do terror cinematográfico, Stuart Gordon não teve dúvidas, além de embarcar na ideia, decidiu mais uma vez levar para as telas outra adaptação de Lovecraft, desta vez o conto homônimo, parte do ciclo de Cthulhu, publicado pela primeira vez em julho de 1933.

Nele, Walter Gilman, um estudante da Universidade Miskatonic (escola fictícia frequentemente mencionada por Lovecraft), aluga um quarto barato em uma antiga pensão, mas sua estadia acaba saindo mais cara do que ele esperava. Um de seus vizinhos ora alto e bate na mobília. Outra, uma mãe solteira, grita desesperadamente toda vez que chega ao seu quarto, ela e seu bebê são atacadas por um rato persistente. Para ajuda-lá, Walter fecha o buraco para impedir o roedor, mas ainda assim elas não estão seguras. O jovem começa a ter pesadelos que envolvem a pobre vizinha, neles, ela o avisa sobre uma bruxa que morou no local e o seu desejo por sacrifícios. “Sonhos na Casa da Bruxa” foi o segundo episódio de “Marters of Horror”.

 

A MORTE DO DEMÔNIO (Evil Dead), 2013

Direção: Fede Alvarez

Conforme já citado anteriormente, toda a franquia de “Evil Dead” gira em torno do Necronomicon, o livro dos mortos. E não seria exagero dizer que o diretor Sam Raimi elevou o item maldito à cultura pop com os filmes produzidos entre 1981 e 1992, porém é o remake de Fede Alvarez que traz a abordagem mais sombria do livro, que ganhou uma versão grotesca encapada com pele humana e escrita feita com sangue.

Na releitura do icônico clássico dos anos 1980 (no Brasil intitulado de “Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio”), somos apresentados a Mia, uma viciada em drogas que é levada por amigos para uma cabana isolada na floresta. A ideia é promover a desintoxicação da garota. No decorrer da trama, os jovens descobrem animais mortos no sótão, além de outros itens grotescos, entre eles, um livro misterioso. Eric, o mais curioso da turma, começa a ler algumas passagens do livro em voz alta. Desavisado, ele desperta as forças malignas que vivem na floresta. Fede Alvarez contou com a orientação de Sam Raimi e produção de Bruce Campbell, herói da trilogia original.

 

A CURA (A Cure For Wellness), 2016

Direção: Gore Verbinski

Depois de uma década criando blockbusters, Gore Verbinski voltou ao terror com um dos filmes mais polarizadores e marcantes dos últimos anos. “A Cura” é diabólico, tem uma execução perfeita, ordenada em tons suaves de verde. A interpretação de Dane DeHaan como o protagonista da trama lembra a atuação de Jack Nicholson em “O Iluminado” (1980) com uma dose certa de fantasia Lovecraftiana, onde não sabemos se o personagem cruzou a linha entra a sanidade e a loucura.

Filmado no centenário Castelo Hohenzollern, no município alemão de Bisingen, acompanhamos Lockhart, um jovem e ambicioso executivo de uma empresa de finanças de Nova Iorque. Ele é enviado para os Alpes Suíços com destino a um “centro de bem-estar” para trazer de volta aos Estados Unidos um dos membros do alto escalão da empresa onde trabalha, cuja assinatura é necessária para a conclusão de um negócio milionário. O lugar guarda alguns segredos bizarros que colocarão em risco a sanidade do jovem e a sua própria vida.

 

A SEITA MALIGNA (The Void), 2016

Direção: Jeremy Gillespie, Steven Kostanski

“A Seita Maligna” apresenta uma síntese do cinema Lovecraftiano. Os diretores e roteiristas Jeremy Gillespie, Steven Kostanski misturam o horror corporal visto em “O Enigma de Outro Mundo” (1982) ao terror cósmico de Lovecraft.

Daniel Carter é o xerife uma pequena cidade do interior cujas rondas noturnas são sempre tranquilas. Sua rotina muda quando ele encontra um homem ferido e ensanguentado em uma estrada deserta. Ele o leva para ser atendido no único hospital do condado de Marsh, mas o lugar é cercado por figuras misteriosas e Daniel descobre que as instalações escondem alguns segredos aterrorizantes. Além das referências citadas, a obra também se inspira nos clássicos “Príncipe das Sombras”, “A Noite dos Mortos-Vivos”, “Hellraiser” e “Do Além”.

“A Seita Maligna é o segundo filme da dupla de cineastas, o projeto foi realizado no Canadá com o apoio de uma campanha de financiamento coletivo.

 

A COR QUE CAIU DO ESPAÇO (Color Out Of Space), 2019

Direção: Richard Stanley

Conhecida por ser uma das obras favoritas do próprio Lovecraft, “A Cor que Caiu do Espaço” foi publicada originalmente em 1927, e é uma das histórias adaptadas com maior frequência ao longo dos anos. O principal motivo é a sua trama significativamente mais linear e convencional, o que facilita a sua transição para às telas.

Com direção de Richard Stanley, o filme é estrelado por Nicolas Cage, uma das opções mais adequadas quando é preciso transmitir a experiência de perda da sanidade, neste caso sob coação lovecraftiana.

O enredo acompanha a família Gardner e a sua adaptação à vida no interior da Nova Inglaterra quando um meteorito fluorescente cai em sua propriedade. A rocha parece derreter, infectando a terra com uma cor estranha e sobrenatural, mudando gradualmente todas as formas de vida ao seu entorno. Logo, a família é lançada em um desconhecido vórtice selvagem de horror corporal.

“A Cor que Caiu do Espaço” é exagerada, perturbadora e divertida, e se dependesse de Stanley, o filme faria parte de uma trilogia baseada em contos de Lovecraft.

 

 

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